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Foto do escritorAdriana Drapala

Sudão do Sul e o Café

Atualizado: 17 de fev.




Calma! Você não errou de página. Sim, se tem um assunto prazeroso que rende longas conversas comigo, é o café!


Sou barista por hobby, social media nichada em cafés especiais embora faça gestão de outros segmentos.


Vem comigo, que eu vou te contar a história apaixonante do universo cafeeiro, tenho certeza que depois de ler esta minha matéria, seu cafezinho de todos os dias serão cheios de novas memórias.




A origem do café tem mais de mil anos, e mais de 124 espécies dentre elas; coffea canéfora, coffea arábica, coffea excelsa e coffea liberica, estas duas últimas de consumo local em alguns países.


  • Como Surgiu a Espécie Arábica

As primeiras espécies de arábicas foram encontradas no Sudão do Sul fazendo fronteira de quase 1 KM com a Etiópia e o mais interessante de tudo, encontradas de maneira selvagem, ou seja, como uma planta qualquer nativa do ambiente, a primeira espécie coffea arábica originou-se de uma hibridação natural entre uma coffea canéfora com uma espécie local chamada de coffea eugenioide.




OBS* - As flores do café são hermafroditas e se autopolinizam porém para garantir a fecundação atraem insetos produzindo um perfume irresistível parecido com o do jasmim.


  • A Variedade de Café mais Antiga do Mundo

Enfim, se fossemos criar a árvore genealógica da espécie coffea arábica, a variedade Typica então seria a primeira da linhagem, e em algum momento do século XVIII ocorre uma mutação natural desta variedade surgindo também a Bourbon.


Sim! Pense nisso quando você for comprar seu grão especial, ou se já o tem em algum lugar em sua cozinha, corra verificar a variedade, talvez você esteja neste momento proprietário de um ilustre descendente direto da primeira variedade de arábica do mundo.



  • A Espécie Canéfora foi Essencial na Origem da Espécie Arábica


Poderíamos afirmar que a espécie coffea arábica é espontaneamente o primeiro híbrido! Conheça os catálogos de algumas espécies e variedades.



A origem do café teria então mais de mil anos, e mais de 124 espécies dentre elas; coffea canéfora, coffea arábica, coffea excelsa e coffea liberica, estas duas últimas de consumo local em alguns países.


Você também pensou como eu? Pra que ficar nesta inveja branca, nesta gastura, meu Deus! Bora viajar e tomar esses cafés!


  • A Situação Política e Social do Sudão do Sul

Só que não! O Sudão do Sul embora seja rico em petróleo, é um dos países mais pobres do mundo, com 27% da população de adolescentes com a idade de até 15 anos que mal sabem ler e escrever, o restante se resume a analfabetos funcionais e não funcionais.


Uma área extremamente conflitante e em guerra, embora em 28 de Julho de 2011 tenha conseguido sua independência do Sudão e passado a se chamar o Novo Sudão, ainda assim, não se aventure, leve a sério quando a Raposeiras fala com propriedade que o café é um caminho sem volta, neste caso, literalmente! Não deixe o café te levar para o Sudão do Sul, ponto.



O Sudão do Sul é feito de negros lindos de dentro para fora e eu entendo perfeitamente a luta árdua do ator americano George Clooney o garoto propaganda da Nespresso e um ativista nato em defesa contra a pobreza extrema e crimes de guerra no Sudão que em 2013 convence a Nestlé a olhar com carinho para o Sudão do Sul!.


  • O Projeto Maravilhoso da Nestlé Chamado Reviving Origins

A Nestlé tem um projeto que resgata espécies em extinção chamado Reviving Origins com o objetivo de produzir cafés com potencial comercial esquecidos e salvar produções ameaçadas em regiões de conflito,



Como ignorar um pedido destes, não tem como! O Sudão do Sul é o berço onde tudo começou, é tentador até para um simples mortal apaixonado por café, como nós! Imagine você, uma empresa do porte da Nestlé!


E ela topa! Acredite, ela topa o desafio adentrando o Sudão do Sul em parceria como uma empresa sem fins lucrativos a TechnoServe, exatamente como fizeram os portugueses e os holandeses quando desembarcaram no Brasil munidos dos padres jesuítas, porém no contexto de além de intermediar as relações também reavivar as áreas onde as plantações de cafés foram todas destruídas pelos crimes de guerra, um trabalho que teve que ser feito praticamente do zero usando como referência a produção da Etiópia e Quênia com a pretensão de desenvolver a cultura de café de alta qualidade em 4 regiões do Sudão do Sul; perto de Yei, planalto de Boma, montanhas de Imtong e no Equador Oriental.




"Em 2015 as primeiras sacas com um grão típico da variedade robusta impacta sobre a vida de milhares de pessoas, agricultores locais com um grão chamado Suluja ti South Sudan, um microlote lançado e vendido em cápsulas na França."


Mas o projeto é bastante ousado com objetivo de continuar no país africano e transformar o Sudão do Sul em uma cadeia produtora de café até o ano de 2020, segundo Daniel Weston da Nestlé na época afirmou “a guerra civil resultou na destruição da maior parte da indústria do café, as árvores tiveram que ser replantadas e leva tempo para preparar a infraestrutura que suporte a grande comercialização do café”.



Sem contar as interrupções do projeto devido aos conflitos e a falta de segurança na região ainda assim, em 2015 já era um trabalho feito com 500 produtores com estimativa de aumentar muito mais porque o país tem muito potencial para produzir cafés das espécies canéfora e arábica, o projeto foi interrompido diversas vezes devido aos conflitos tornando inviável o treinamento presencial dos produtores mas o treinamento continuou sendo transmitido semanalmente por um programa de rádio sobre agronomia, e que o incentivo a importação continuariam, e estas foram as últimas referências que encontrei sobre este projeto.


  • Como o Café era Consumido antes do Século XVI

O café era consumido muito diferente do que é hoje, suas cerejas eram misturadas com um tipo de gordura e temperos, e feitos uma espécie de barrinhas energéticas, das folhas e das cascas feitos uma infusão como um chá muito cafeinado, ambos consumidos por pastores africanos que ficavam longe de casa por muito tempo.




Acredita-se que as mudas tanto do canéfora quanto arábica foram plantadas primeiro em Java e dali espalharam-se através dos próprios escravos africanos chegando na Arábia primeiro como bebida e depois como mercadoria, os primeiros a torrar, moer e desenvolver a infusão muito próxima do que fazemos hoje e também a comercializar a bebida foram os turcos no século XVI e eles protegiam tanto o café que chegavam a cozinhar os grãos para que ninguém mais conseguisse cultiva-los.




Que horror! O que é um ser humano apaixonado, mas eu consigo até me colocar no lugar dos turcos, não sou muito diferente quando chegam meus micropacotes, me transformo em outra pessoa, escolho com quem vou dividir meus shots, isso quando não consumo escondida, sozinha e sem culpa! Sim.


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