Matéria para o blog Colmeias Design
Os gabinetes de curiosidades refletiam em toda a Europa a percepção do homem em relação ao mundo à sua volta nos séculos XVI e XVII, e o seu desejo em englobar todo o universo em um microcosmo particular.
Um cômodo, ou um quarto era reservado para guardar e exibir qualquer coisa notável, monstruosa ou cheia de mistérios vindos da natureza, criada pelas mãos do homem, ou dominada por elas através da ciência.
Cada artefato definia o status social, o nível de conhecimento, e os interesses pessoais de seus donos, muito mais pelo seu significado do que pela sua utilidade, aliás se tinha uma, era a de entreter e deixar perplexos seletos convidados.
De tecidos, ourivesarias, porcelanas, fatos de plumas, ídolos, fetiches, exemplares da flora e da fauna, conchas, fósseis, pedaços de coral iridescente, relicários medievais aos jarros com espécimes bicéfalos conservados eram só alguns dos colecionáveis da época.
Coleções fabulosas restritas a uma minoria ganham o mundo
O gabinete de curiosidades foi um dos antecessores diretos dos museus, e instinto durante os séculos XVIII e XIX, transformando-se gradativamente em instituições oficiais, coleções privadas, antiquários, e claro, museus.
Como por exemplo, o gabinete “Musaeum Tradescantinum” comprado por Elias Ashmole membro da Royal Society, e adicionado em sua própria coleção, e mais tarde, doados à Universidade de Oxford originando o que é hoje, o museu Ashmolean.
Tudo que desperta o nebuloso, o fantástico, e o improvável, é eterno
O costume de colecionar objetos, empilhar fatos e lembranças, sejam históricos, naturais, exóticos ou científicos, e misturá-los com o que é nebuloso, fantástico, e improvável, continua presente em cada um de nós.
Fazemos quando criamos a playlist das galáxias, quando adicionamos vídeos sensacionais aos preferidos, quando viajamos e voltamos com souvenires, ou garimpamos antiquários atrás daquela cadeira renascentista, e até mesmo quando, listamos pessoas notáveis em grupos privados.
Nos gabinetes de curiosidades do século XVI e XVII, as coleções eram organizadas em artificial, natural, exótico e científico, hoje poderíamos afirmar que algumas coleções ainda seguem essa classificação, e ainda acrescentar a de nossa geração, a digital.
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